A Superintendência do Ministério
do Trabalho em Goiás proibiu o uso de 2,5 mil pistolas da marca Taurus em uso
pela Polícia Militar de Goiás. Segundo auditoria do órgão, os exemplares do
tipo PT 24/7 PRO D são perigosos para o uso dos policiais e, e em quatro anos,
já causaram 23 acidentes com integrantes da corporação. Os auditores exigem o
recolhimento e a substituição por armas seguras.
“As armas são inseguras,
perigosas para o uso policial e, para garantir a vida e a integridade física
desses policiais e seus familiares, da sociedade goiana, decidimos proibir o
uso das armas e o recolhimento das 2,5 mil pistolas”, disse a auditora Jacqueline
Carrijo.
A Taurus informou, em nota, que
não foi notificada formalmente sobre a decisão do Ministério do Trabalho. Ainda
segundo a fabricante, "simplesmente não existem as supostas evidências de
que o armamento seria inseguro ou defeituoso" (veja a nota na íntegra ao
fim do texto).
O estudo das armas foi feito
entre agosto e outubro deste ano. Os principais problemas constatados pelo
levantamento são:
- disparos em rajadas em regime automático [ deve ser em modo semiautomático];
- falha do retém do ferrolho [a pistola não fica aberta, não indicando que a munição acabou];
- carregador [ de munição] danificado com rachadura;
- arma que não para na ação simples [ a pistola não fica na posição que gera maior precisão do tiro];
- travamento do gatilho;
- arma dispara no coldre [equipamento que os policiais transportam a arma junto ao corpo quando fardados];
- disparo involuntário.
“É um absurdo que as armas
apresentem estes defeitos, defeitos de construção, dos dispositivos de
segurança, disparam sozinhas. Quantos PMs tiveram carreiras frustradas,
aposentaria precoce ou que foram punidos por excesso de uma arma que disparou
sem o acionamento do gatilho ou porque o gatilho travou? Há muitos defeitos que
têm comprometido a segurança pública”, opina Jacqueline.
Dados
De acordo com o levantamento, a
auditoria colheu informações, dados, denúncias de acidentes e incidentes com a
PT 24/7 PRO D envolvendo policiais das forças de segurança de Goiás e até mesmo
de outros estados. A análise também foi feita em parceria com peritos da PM-GO.
De acordo com o MTE, se comprovou
o esforço administrativo da Polícia Militar de Goiás para corrigir o problema e
substituir as armas. Porém, conforme a auditora, a Taurus não tomou nenhuma
providência eficaz.
O ato de interdição foi acompanhado
pela PM-GO e pelo Ministério Público Federal (MPF). O próximo passo é o
recolhimento das armas em todos os municípios goianos.
Veja o que a Taurus diz:
"A Taurus não foi notificada
formalmente dessa decisão do Ministério do Trabalho, tampouco teve acesso aos
seus fundamentos ou aos resultados da suposta auditoria. Em nenhum momento o
Ministério do Trabalho lhe abriu a oportunidade de se manifestar. A Taurus
apenas foi convidada para estar presente em uma reunião nesta terça-feira (31)
sem que tenha sido informado o que seria tratado e sem que tivesse tido acesso
ao processo.
A solicitação de substituição das
armas é objeto de ação judicial proposta pelo Estado de Goiás. Em sua defesa, a
Taurus explicou de forma detalhada que essa pretensão carece de qualquer
fundamento. Simplesmente não existem as supostas evidências de que o armamento
seria inseguro ou defeituoso. Mesmo porque a PM-GO foi a responsável por
elaborar a especificação do armamento e fazer o recebimento das pistolas, sobre
as quais nunca havia apresentado objeções e que utilizou por cinco anos.
Ainda assim, a Taurus tem se
esforçado para chegar a uma solução mutuamente aceitável, inclusive tendo feito
propostas para atender aos interesses da PM-GO. Ao mesmo tempo em que continua
aberta ao diálogo, a Taurus continuará defendendo seus pontos de vista perante
a Justiça."
(G1/Goiás)
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