Mulheres vítimas de violência recebem atendimento especializado em Santarém

Delegada Andreza Alves realiza atendimento à vítima.
Um semblante moldado por um sorriso terno e tímido escondia uma história de angústia, medo e sofrimento. Com essas caracteristicas, uma senhora de 34 anos, que preferiu não se identificar, procurou a sede do Pro Paz Integrado e da Delegacia Especializada e de Assistência à Mulher (DEAM), na manhã desta terça-feira (7), em Santarém, no oeste paraense.

Ela decidiu por fim a um casamento de 20 anos, mas seu ex-companheiro não aceitou a decisão e passou a ameaçá-la, com o objetivo de impedir que ela encontrasse a felicidade novamente. “Não deu mais. Ele nunca me bateu, mas ele não era bom pra mim e aguentei o que pude por meus filhos. Agora quero uma nova vida, mas ele passou a me ameaçar e sinto que estou sendo seguida”, conta a vítima.

Com medo, a mulher decidiu procurar ajuda para evitar algo pior. “Ele disse que se me visse com alguém, eu sabia o que ele ia fazer comigo. Fez a ameaça domingo lá em casa e segunda-feira na casa dos meus pais”, relatou o caso de perseguição.

Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, casos como esse ainda fazem parte do cotidiano de muitas pessoas.

O trabalho em conjunto da unidade do Pro Paz e da DEAM, em Santarém, já atendeu 5.070 ocorrências nos últimos cinco anos. São casos concretos que geraram procedimentos, como medidas protetivas, prisões e separações conjugais. 

Segundo a delegada Andreza Alves, titular da DEAM, perder o medo e procurar ajuda são os primeiros passos para se evitar uma tragédia. “Muitas vítimas têm medo. Com a atuação da Delegacia Especializada da Mulher, do Pro Paz e com o fortalecimento da Lei Maria da Penha, as mulheres passaram a superar esse medo e procurar ajuda. Uma ajuda que em alguns casos pode salvar suas vidas”, explica a delegada.

Andreza Alves informa que já trabalhou em casos de agressões físicas, ameaças, ferimentos à faca, arma de fogo, estupros e assédio moral. “Ontem tivemos um caso de um marido que estuprou a esposa, embriagado”, disse a titular da DEAM, ao acrescentar que a violência vai muito além da agressão física. “A agressão verbal, insultos e humilhação também são crimes graves e puníveis. Portanto, a mulher deve denunciar”, frisou.

Justiça - Criada em 2006, a Lei Maria da Penha estabelece como crime a violência doméstica. O dispositivo legal é visto como um marco, tanto que esta Lei é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher. A Lei causou um aumento das denúncias, pois as mulheres passaram a ser mais protegidas.

Mas não basta apenas ser ouvida. É aí que entra em campo a equipe multiprofissional do Pro Paz que realiza o trabalho em parceria com a Delegacia Especializada e de Assistência à Mulher desde 2012.

Inaugurada no dia 8 de março daquele ano, a unidade festeja nesta quarta-feira cinco anos de existência. O Pro Paz Integrado disponibiliza atendimento especializado no combate à violência contra crianças, adolescentes e mulheres, ao oferecer serviços médicos, psicossocial, de perícia e de defesa social.

“Temos técnicos em enfermagem, enfermeiros, psicólogos, assistente social e parceiros no suporte jurídico que estão à disposição das mulheres que nos procuram. As vítimas de violência ou qualquer tipo de agressão são acompanhadas de perto por nossos profissionais”, destaca Liliam Moraes, coordenadora do Pro Paz em Santarém.

A coordenadora informa também que o órgão vai realizar amanhã, ações como blitz educativas e serviços especiais a quem procurar atendimento no Pro Paz.


Por Alailson Muniz
Secretária de Comunicação do Pará

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