Mesmo com a confirmação pela presidente Dilma Rousseff de que seis ministérios vão ficar nas mãos do PMDB, o clima no partido não é de festa. Além de quererem pastas com orçamentos maiores e mais peso político, os peemedebistas consideram a nomeação de Helder Barbalho para o Ministério da Pesca uma “barriga de aluguel”, assim como as indicações de Kátia Abreu (Agricultura) e Vinícius Lages (Turismo). As informações são do jornal O Liberal.
A bancada do PMDB no Senado só ficou satisfeita com a ida do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Ministério de Minas e Energia.
Os peemedebistas não se sentem representados por Helder,
emplacado pelo pai, Jader Barbalho (PMDB-PA), e por Lages, indicado por Renan
Calheiros (PMDB-AL). Recém-filiada ao partido, Kátia Abreu é considerada pelos
senadores do partido como da cota pessoal de Dilma. Já o PMDB da Câmara queria
o Ministério da Integração Nacional, mas acabou ficando com o deputado Eliseu
Padilha (PMDB-RS) na Aviação Civil e o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) na
Secretaria dos Portos, que tem status de ministério.
As negociações da reforma ministerial emperraram no PT. A
intenção de Dilma de nomear o deputado Pepe Vargas (PT-RS) para comandar a
articulação política desagradou o ex-presidente Lula e gerou uma crise na
corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil. Integrante da ala
Democracia Socialista, que atua em conjunto com a segunda maior corrente
petista, a Mensagem, Pepe não circula nem no PT nem nos demais partidos. É um
deputado de pouca expressão política e não é considerado à altura da função por
Lula nem por dirigentes petistas.
Ao lado da equipe econômica, a articulação política do
governo é a principal preocupação de Lula, considerada fundamental para o
sucesso do segundo mandato de Dilma. O ex-presidente está apreensivo com a
atuação da oposição no Congresso a partir do próximo ano, que deve ser mais
aguerrida; com as rebeliões da própria base aliada; e com eventual crise
política gerada pelo escândalo de corrupção na Petrobras.
“O dia a dia do governo será conduzido por Mercadante e pela
DS (Democracia Socialista)”, reclamou na terça-feira um dirigente do PT.
Braço-direito de Dilma, o ministro Aloizio Mercadante (Casa
Civil) não atua como representante do PT no governo, é criticado no partido
pela suposta falta de traquejo político e tem sido alvo de reclamações por
“monopolizar” a presidente.
O único nome do PT confirmado foi o de Jaques Wagner, para a
Defesa. A expectativa no partido, e dele próprio, era ocupar uma pasta de maior
peso político.
Na cota do PT, a intenção de Dilma é deslocar o ministro
Ricardo Berzoini da Secretaria de Relações Institucionais para as Comunicações;
e nomear o deputado eleito Patrus Ananias (MG) para o Desenvolvimento Agrário;
além de transferir o ministro Miguel Rossetto do Desenvolvimento Agrário para a
Secretaria Geral da Presidência.
Crise
A crise da Petrobras coloca em segundo plano a tentativa do
PT e do governo de fazer uma reforma política. De acordo com analistas, o
governo não dá sinais de que terá força suficiente para conduzir no Congresso
uma negociação delicada que afeta diretamente dois dos principais partidos da
base: PMDB e PP.
O PT aposta na mobilização popular. A coordenação petista da
“Campanha pela Reforma Política” criou um cronograma de atividades de fevereiro
até junho, quando quer encaminhar a proposta ao Congresso.
Contudo, o PT terá que concentrar os esforços no apoio a
Dilma devido à crise. Dificilmente a pauta entrará em campo no primeiro
semestre do ano que vem. “O momento não é favorável ao governo. Isso ficou
claro na votação da alteração do cálculo do superavit primário onde a
presidente Dilma teve que barganhar. Não vejo como o governo conseguirá levar a
frente proposta que mexe com tantos interesses no Congresso”, diz o cientista
político e pesquisador da UFRJ Sandro Corrêa.
O primeiro desafio petista é a manutenção do comando da
Câmara. O PT lançou o deputado Arlindo Chinaglia (SP) para a disputa. Na semana
passada, o presidente do PT Rui Falcão disse que o partido “não vai abdicar” de
ter um nome na disputa contra o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se lançou
oficialmente na disputa.
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