Azeredo: renúncia. |
O deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) apresentou no
início da tarde desta quarta-feira, 19, sua carta de renúncia à Câmara dos
Deputados. Em três páginas, o tucano réu no processo do mensalão mineiro
reclamou de ataques e pressões de adversários, afirmou ter sido transformado em
"alvo político" e disse que não aceitará que seu nome e o de seu
partido sejam "enxovalhados".
"Minhas forças já se exaurem, com sério risco para a
minha saúde e para a integridade de minha família. Não aceito que o meu nome
continue sendo enxovalhado, que meus eleitores sejam vítimas, como eu, de mais
decepções, e que sejam atingidos o meu amado Estado de Minas Gerais e o meu
partido, o PSDB", afirma Azeredo. A carta de renúncia foi entregue por seu
filho, Renato Azeredo, ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), e lida no plenário da Câmara.
No início do mês, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, entregou ao STF suas alegações finais no processo e pediu condenação de
22 anos de prisão e multa de R$ 451 mil para Azeredo. Pela denúncia, o tucano
participou de desvio de recursos de estatais mineiras em 1998 para financiar
sua campanha pela reeleição para o governo de Minas em esquema que também ficou
conhecido como "valerioduto" tucano, devido ao envolvimento no caso do
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, já condenado a mais de 40 anos de
prisão pelo Supremo por participação no mensalão federal.
Na carta, Azeredo diz que uma "tragédia" desabou
sobre ele e sua família e que as acusações da Procuradoria Geral da República
"são desumanas". "As alegações injustas, agressivas, radicais e
desumanas da PGR formaram a tormenta que me condena a priori e configuram mais
uma antiga e hedionda denúncia da Inquisição do que uma peça acusatória do
Ministério Público", declara.
Azeredo enfatizou que a denúncia da PGR tem como base
testemunhos e documentos falsos e que ele não é culpado de peculato e lavagem
de dinheiro, como acusa a PGR. Ele ressaltou que foi transformado em "alvo
político" para compensar os delitos dos outros. "Insisto em que as
responsabilidades de um governador são semelhantes e proporcionais às de um
presidente da República!", escreveu.
Ao final, Azeredo alegou que preferia renunciar para não se
sujeitar "a execração pública" por ser deputado. "Deixo o
Parlamento para dedicar todos os meus dias à defesa de minha honra e de minha
liberdade", afirmou.
A renúncia ao mandato era considerada como uma saída
jurídica para Azeredo se livrar do julgamento no Supremo Tribunal Federal
(STF). Com isso, a Corte terá de decidir se mantém o processo sob seus cuidados
ou se o encaminha para a primeira instância, o que prolonga o caso e pode
causar a prescrição de alguns crimes.
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