Santarém tem o maior produtor de acerola do Brasil

Do G1, Santarém:

O técnico agrícola Jaime Caliman, 62 anos, é reconhecido como o maior produtor de acerola do Brasil. (Foto: Luana Leão/G1)
 Jaime Caliman, 62 anos: produção de acerola. (Foto: Luana Leão/G1).
O técnico agrícola Jaime Caliman, 62 anos, é reconhecido por órgãos agrícolas como o maior produtor de acerolas do Brasil, considerando a colheita por planta durante o ano. Ele produz, em média, 206 kg de acerola em cada pé por ano. A quantia está acima da expectativa de produção nacional, que é de 100 kg por planta, anualmente, em plantações com irrigação, de acordo com dados da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). A lavoura de Caliman está no bairro Área Verde, em Santarém, oeste do Pará, em uma área de 1,8 hectares, dividida entre a plantação de acerolas e goiabas.
Descendente de Italianos, Caliman era paraquedista da tropa de elite do Exército Brasileiro, de família tradicional na agricultura. Após entrar para a reserva do Exército, ele veio para a região Norte e fixou residência em Santarém, onde há 12 anos é referência na produção de acerola. Atualmente, em sua propriedade, existem 385 pés de acerolas e 510 pés de goiabas.

A aceroleira (Malphigia glabra L.) é uma planta originária das Antilhas e cultivada em escala comercial em Porto Rico, Havaí, Jamaica e Brasil. Para chegar a variedade existente na plantação, Caliman realizou experimentos com as 52 variedades existentes da planta. Com isso, descobriu a que melhor se adaptou ao clima da região. “Existem 52 variedades de acerola originárias da América Central, eu fui plantando até chegar à variedade ideal. A maioria das plantas sofre com a chuva, que prejudica a floração. A chuva lava o pólen da flor e ela não produz”, explica.


Para chegar a variedade existente na plantação, Caliman fez experimentos com as 52 variedades. (Foto: Luana Leão/G1) 
Para chegar a variedade existente na plantação,
Caliman fez experimentos com 52 variedade.
(Foto: Luana Leão/G1)
 
O produtor conseguiu uma variedade da planta que floresce mais abaixo dos galhos e, assim, as folhas protegem as flores da chuva. Segundo Caliman, após a fecundação, o pólen precisa permanecer seco pelo menos duas horas, para que a reprodução seja eficaz.
Da floração até a colheita, a fruta demora 23 dias para amadurecer. A colheita é feita durante o ano todo na plantação. No total, são nove safras por ano, equivalente a 120 toneladas de acerola.
 
Adubação
Além da escolha da variedade, outro fator que faz o produtor se destacar na produção de acerolas é o processo de adubação das plantas. “Ela [adubação] é muito exigente, os outros produtores ainda não conseguiram essa produção porque eles não entendem a nutrição dela”, afirma.
Caliman explica que conseguiu chegar à fórmula de adubação correta com a utilização de fertilizantes vindos de outros países. “Não compro nada daqui, o fertilizante que uso é feito a base de aminoácidos retirados de peixes marinhos de águas profundas, abaixo de mil metros, importo de outros países como Alemanha, Itália e Estados Unidos. Faço a pulverização (aplicação de fertilizantes na planta) a cada 15 dias, esses aminoácidos são 100% orgânicos”, destaca.
Segundo o produtor, com esse procedimento a planta se fortifica pois recebe todos os nutrientes que fazem com que a produção ocorra mais rápido que o tempo normal.
 
Clima
A temperatura ideal para que a aceroleira se desenvolva é a temperatura média anual em torno de 25° C. Acima de 37°C, prejudica o desenvolvimento da planta que não absorve os nutrientes necessários para produção. Caliman controla a temperatura do solo com a utilização de palhas de grãos de arroz.
Produtor usa palha de arroz para controlar a temperatura do solo. (Foto: Luana Leão/G1) 
Produtor usa palha de arroz para controlar a temperatura do solo. (Foto: Luana Leão/G1)

“Por ano, utilizo de 30 a 40 carradas de palha de arroz. Ela ajuda a controlar a temperatura do solo, disponibiliza nutrientes e evita que nasça mato no meio das plantas”, explica.
 
Comercialização
A comercialização da acerola produzida por Caliman é feita somente a nível local. Ele abastece os grandes mercados da região com a fruta em natura e com a polpa, que é industrializada na propriedade dele. Segundo o produtor, ele abastece hotéis, restaurantes, comércios, feiras e escolas.
“A distribuição é praticamente 100% por telefone. Eles ligam e dizem quantos quilos de frutas ou de polpas eles precisam”, relata Caliman.
 
Formação de emprego
Na propriedade trabalham nove pessoas com empregos fixos, divididos entre a lavoura e a indústria de beneficiamento de polpas. Caliman afirma que essa quantidade aumenta em época de safra. “No período de safra, a gente pega os diaristas que trabalham durante uma semana, e o período entre uma safra e outra é rápido, com cerca de 15 a 20 dias de uma para outra”, afirma. Caliman diz que tem renda bruta mensal de R$ 50 mil, e R$ 650 mil por ano.
 
Curiosidades da acerola
O cultivo da acerola vem acentuando de forma persistente e tem despertado interesse entre os produtores e consumidores brasileiros ou estrangeiros, tanto em natura como em outros subprodutos industriais.

A acerola é caracterizada de mão-de-obra intensiva, principalmente nas etapas de colheita e classificação dos frutos. Tratando-se de uma fruteira, cuja produção nas áreas irrigadas é quase ininterrupta, o cultivo requer maior contingência de mão-de-obra.
É uma fruta atrativa pelo seu sabor agradável e destaca-se por seu reconhecido valor nutricional, principalmente como fonte de vitamina C, vitamina A, ferro, cálcio e vitaminas do complexo B (Tiamina, Riboflavina e Niacina). É consumida tanto in natura como industrializada, sob a forma de sucos, sorvetes, geléias, xaropes, licores, doces em caldas entre outras

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