Na República das Bananas, o povo é o macaco

Por Alailson Muniz

Não é segredo nenhum que o atual sistema eleitoral brasileiro favorece as pessoas que detêm o maior poder econômico entre as classes sociais brasileiras. E isso está fazendo do Congresso Nacional um abrigo das maiores fortunas do país e de seus testas-de-ferro.

O país vive como nos tempos monárquicos onde uma pequena Côrte formada pelos governantes e seus amigos era sustentada por uma descomedida taxa tributária cobrada dos miseráveis brasileiros.

Hoje, a atual Côrte, chamada de Congresso Nacional, não é muito diferente daqueles tempos. O sistema eleitoral adotado por seus inquilinos faz com que sempre as mesmas pessoas estejam se revezando no poder, sustentadas ainda por uma carga tributária que obriga o trabalhador brasileiro a labutar quatro meses por ano para pagar somente impostos.

As eleições estão cada vez mais caras, fazendo com que somente milionários possam se candidatar com chances de se eleger. Um aparato para se montar uma estrutura de campanha eleitoral necessita de milhões de reais. Esse quadro incentiva a corrupção dos políticos, o uso do caixa dois, a deslealdade partidária e o desprestigio das siglas partidárias junto à pequena fatia mais intelectualizada da sociedade.

“A qualidade dos representantes cai a cada mandato. Seja porque as peças se repetem, seja porque as substitutivas têm o mesmo perfil”, disse certa vez um jornalista. E eu concordo.

A ausência do Estado nos setores estratégicos para o desenvolvimento do país e a atual política econômica adotada desde o inicio dos anos noventa ocasionam a formação de gigantescas bolhas de pobreza em diversas regiões do país. Essas bolhas são de vital importância para a perpetuação de determinados grupos políticos no poder. Eles utilizam os subterfúgios deixados propositalmente em nosso sistema eleitoral para continuarem na Côrte.

O número de eleitores brasileiros que sentam num banco de escola é muito baixo. Igualado aos índices de países considerados miseráveis. A nossa desigualdade econômica, que reflete a desigualdade social, só fica atrás da de Serra Leoa, país africano considerado o mais pobre do mundo pela ONU (Organizações das Nações Unidas).

Essa situação de miséria e de ausência de formação escolar explica a troca de um voto por uma cesta básica ou por uma camiseta e um boné. Quem nunca acordou pela manhã sem ter o que comer não consegue entender essa situação. Explorando esse quadro, as maiores bancadas do Congresso Nacional ficam formadas por grupos políticos que possuem as maiores cifras de real. E isso já está sendo tratado como normal, não só pela população mais como também pelos analistas, intelectuais e pela mídia, dando mais legitimidade ao quadro. É inormal e se vê com até discriminação e preconceito um político que não tenha patrimônio e fortuna. Político virou sinônimo de rico.

Na República das bananas onde o patrimônio público é propriedade de quem está no poder seja político, empresa, ou qualquer outro tipo de instituição, o povo brasileiro que sobrevive com um salário de 350 reais é o macaco da história.

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