Caixa dois do PT tem 13 anos, diz ex-militante

Alan Gripp


BRASÍLIA - O caixa dois do PT teria pelo menos 13 anos e, já naquela época, Luiz Inácio Lula da Silva, então dirigente do partido, saberia de tudo. As denúncias foram repetidas ontem na CPI dos Bingos no Senado pelo economista Paulo de Tarso Venceslau, ex-militante petista. Ele foi secretário de Finanças de duas prefeituras petistas (Campinas e São José dos Campos) e acusou seus ex-companheiros de montarem nas administrações do interior de São Paulo um modelo do esquema revelado ano passado com a descoberta do valerioduto.

Tarso foi expulso do partido em 1998 depois que passou a percorrer diretórios petistas, órgãos de investigação e redações com um dossiê com as acusações de desvio de recursos.

— O que fica deste meu depoimento é que já se conhecia há muito tempo, desde 1993, esse esquema paralelo de arrecadação do PT — resumiu Paulo de Tarso.

As denúncias do ex-petista se concentram na atuação da Consultoria Para Empresas e Municípios (Cpem), que pertence ao empresário Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula. Segundo Paulo de Tarso, a empresa procurava os prefeitos petistas oferecendo serviços para melhorar a arrecadação do ICMS, que é repassado pelo estado aos municípios. Mas o lucro, segundo a denúncia, não seria contabilizado e acabava repartido entre a Cpem e o PT.

Tarso acusou o atual presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, de participar do esquema e de também negociar com outras empresas credoras das prefeituras petistas. Disse que, na época, ele teve papel semelhante ao desempenhado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares nas eleições de 2002. Na pré-campanha, o economista afirmou ter sido alertado por Okamotto de que suas denúncias estavam prejudicando o financiamento da Caravana da Cidadania, na qual Lula percorreu o país.

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